Desde a época da faculdade, eu me interessei pela história da odontologia e como os problemas dentários afetaram as pessoas ao longo dos séculos. Recentemente, encontrei uma matéria fascinante sobre um esqueleto Neandertal conhecido como o Homem de Altamura.

Esse esqueleto foi encontrado em uma gruta na Itália em 1993 e ganhou uma grande notoriedade mundial. Hoje em dia, após novos estudos terem sido realizados, revelou-se que esse antigo indivíduo sofreu com sérios problemas dentários.

Os pesquisadores das universidades de Florença, Sapienza de Roma e de Pisa, analisaram o maxilar e a mandíbula do Homem de Altamura e afirmaram que o Neandertal possuía uma dentição quase completa, totalizando 42 dentes.

No entanto, a presença de cálculos dentários e raízes expostas indicava uma doença gengival significativa. Para nós, dentistas, a saúde gengival é essencial e observar a evidência dessa condição em um antigo Neandertal é emocionante e desafiador ao mesmo tempo.

Os estudos também revelaram que o indivíduo tinha o terceiro molar, popularmente conhecido como dente do siso, o que nos leva a concluir que ele já era de idade adulta quando morreu.

Enquanto lia essas informações, me perguntei como esse Neandertal conseguir sobreviver com problemas dentários tão graves. Nossa compreensão das práticas odontológicas na pré-história é limitada, mas essa descoberta nos permite especular sobre as dificuldades que esses seres humanos primitivos enfrentaram em relação à sua saúde oral. 

Ao analisar os registros de imagens digitais, como raios-X e vídeos de alta resolução, a equipe de pesquisadores também identificou uma lesão óssea na base de um incisivo do Neandertal. 

Essa lesão intrigante pode ser resultado de um forte estresse não relacionado à sua nutrição. 

É notável que, apesar das limitações e dificuldades em sua vida, o Homem de Altamura tenha sobrevivido até uma idade avançada (para a época). A odontologia tem inovado tremendamente na última centena de anos, permitindo cuidar da saúde bucal dos pacientes de maneira mais eficiente e confortável.

Porém, ao olhar para o passado e observar os desafios enfrentados por nossos ancestrais, também ganhamos um novo senso de apreciação pela importância dos cuidados bucais ao longo da história humana.

Compreender que mesmo há 130 mil anos os problemas dentários já afetavam a vida dos Neandertais é fundamental para entendermos verdadeiramente sobre a relevância da odontologia para a nossa qualidade de vida.

Afinal, todo o conhecimento odontológico conquistado contribui para a prevenção e tratamento de doenças dentárias, conforto ao comer, falar e sorrir, além de garantir mais autoestima e bem-estar geral para os pacientes. Atualmente, temos amplo conhecimento e recursos para garantir uma boa saúde oral. Por isso, não há desculpas para negligenciar essa área vital da nossa saúde, não é mesmo?!