Sempre que escrevo aqui sobre os livros que estou lendo, recebo muitos feedbacks positivos. E isso me deixa super contente: a leitura sempre foi um hábito que fez parte da minha vida. Poder compartilhar com vocês, e as histórias por trás de cada livro, deixa-me muito feliz.

Há algumas semanas terminei o livro Connected (Conectados) de Nicholas Christakis e James Fowler. Apesar de ser um livro de 2009 (ou seja, mais de 10 anos que foi escrito), ele é muito atual.

O poder das relações sociais
Basicamente, este livro trata do quanto as redes das quais fazemos parte influenciam nossas vidas, desde o trabalho, a saúde, as emoções, dentre outros aspectos.

Os autores mostram, a partir de pesquisas científicas em diversas áreas do conhecimento, o quanto é importante as redes e, principalmente, as relações sociais possíveis nestas redes.

E como surgiu o livro? A motivação para as pesquisas que resultaram no livro veio da percepção dos danos que a morte de uma pessoa causa em outras pessoas – como se a saúde das pessoas que se relacionam também mantivesse algum tipo de relação.

A observação destas relações de causa-efeito entre pares de pessoas, como irmãos, amigos ou vizinhos logo permitiu a identificação de conjuntos maiores de pares, formando verdadeiras teias-redes.

Este fenômeno, que já vinha sendo estudados por outros cientistas sociais desde o início do século XX, permitiu identificar relações como o impacto de alguém perder peso porque o amigo de amigo havia perdido peso. Ou, por exemplo, pessoas que param de fumar porque o amigo do amigo parou de fumar.

Desta forma, o que é importante são as relações e as interações e não, simplesmente, um indivíduo em particular.

Em uma passagem do livro, os autores afirmam que “o segredo para entender as pessoas é entender os laços entre elas, onde o foco passou a ser a compreensão dos laços sociais. Os laços sociais têm muito a dizer do que simplesmente um indivíduo sozinho”.

Basicamente, o livro reforça o poder das conexões humanas que produzem diversos efeitos, sendo muitos deles sutis. Além disso, as nossas conexões não terminam com as pessoas que conhecemos. Amigos de amigos podem iniciar reações em cadeia. “Para saber quem somos, precisamos entender como estamos conectados”.

Sr. Joaquim e suas conexões
Sr. Joaquim é um paciente meu que começou o tratamento ano passado: senhor alto, com 74 anos, pele morena, olhos escuros que chamam atenção por trás dos óculos grandes, cabelos lisos bem grisalhos, sorriso muito largo e uma presença forte.

Em uma das suas consultas, ele viu o livro Conectados na estante e ficou curioso sobre o livro. E vocês já sabem: adoro um dedo de prosa sobre assuntos mais leves, sejam livros, filmes, pensamentos, reflexões…

Ele adorou saber o tema do livro e, curioso, perguntou: “quer dizer que, mesmo sem sabermos ou sentirmos, somos influenciados pelo comportamento dos amigos dos nossos amigos, como se fosse uma grande teia de relacionamentos?”

Basicamente, é isso mesmo que o livro desenrola: o poder das conexões sociais, direta e indiretamente, assim como seus impactos nas mais diversas áreas: desde saúde, trabalho, comportamento, emocional, dentre outras.

E seu Joaquim completou: “parece que isso realmente faz algum sentido. Eu me lembro na época que me mudei para uma cidade pequena aqui do Rio Grande do Sul: por volta de 25 mil habitantes. Lá, todo mundo se conhecia, tinha uma vida parecida, tranquila, saudável… Famílias numerosas, que moravam ali há décadas, tudo numa grande paz. Eu me lembro desta época, eu devia ter uns 50 anos, mas minha saúde era ótima – melhor do que quando eu tinha 30 anos. Talvez uma das justificativas disso seja porque eu estava conectado à uma rede de pessoas saudáveis, felizes, com pouco stress, pouca poluição e que se ajudavam”.

Óbvio que eu não soube responder se esse era o único motivo – e acredito que nem seu Joaquim esperava uma conclusão tão taxativa. Mas fazer esta reflexão foi bem interessante.

Por isso, meu amigo e minha amiga, qual é a minha provocação para este final de semana: pense nas suas conexões. Com quem você está se conectando? Qual é a qualidade destas conexões? Talvez esta rede de relacionamentos tenha mais impacto nas nossas vidas do que imaginamos, não é mesmo?!

Bom final de semana!