Esqueça tudo o que você já ouviu falar sobre idade. Nas últimas décadas, o mundo se transformou radicalmente em relação ao envelhecimento – mas ainda são poucos os que já reconheceram essa mudança. Uma das pesquisadoras que vem abrindo os olhos dos leitores para essa transição é a americana Susan Wilner Golden, que estuda longevidade e inovação na Universidade Stanford.

Em seu recém-lançado “Stage (not age)”, algo como “Etapa (não idade)”, ainda sem edição no Brasil, Susan propõe que a idade não define a fase de vida de alguém. Para ela, dividir a vida em apenas três fases – crescimento, idade adulta e velhice – é limitador e não abarca a complexidade da experiência humana contemporânea.

De fato, segundo a Constituição, qualquer pessoa acima de 60 anos de idade é atualmente classificada como idosa. No entanto, existem diferenças gigantescas no modo de viver entre os membros desse enorme grupo de pessoas. Há aposentados com pouco mais de 60 anos que enfrentam severas restrições de saúde e mantêm uma rotina repetitiva e previsível. Ao mesmo tempo, existem aqueles que estão começando uma nova carreira ou abrindo uma empresa aos 70 ou 80 anos.

Há uma multiplicidade de maneiras de vivenciar a longevidade. O crescimento da expectativa de vida, acompanhado de avanços para assegurar maior bem-estar, é responsável por essa pluralidade de vivências. Segundo projeções apresentadas por Susan, é possível que as crianças que estão nascendo hoje tenham, na maior parte do mundo, uma expectativa de vida maior que 90 anos.

Pessoas que vivem acima de 100 anos estão deixando de ser casos isolados e têm alcançado cada vez mais autonomia. Na semana passada, por exemplo, portais de internet noticiaram vários casos de senhoras e senhores com mais de cem anos que compareceram às urnas para exercer o direito de voto. Segundo o TSE, 184.300 eleitores brasileiros têm 100 anos ou mais.

Como observa Susan, com a perspectiva de superar um século de vida, deixar de ser produtivo e criativo aos 60 anos de idade não faz mais sentido. Por conta disso, não há mais razão para encarar o desenvolvimento humano como linear, com uma suposta curva de aprendizado nos primeiros anos e um platô de estabilidade na idade adulta. Ao contrário, as etapas de reinvenção e estabilidade não são sequenciais e podem se repetir em diferentes idades. É cada vez mais comum – e até certo ponto necessário – manter-se curioso e disposto a aprender em qualquer momento da vida.

Em meu cotidiano de cirurgião-dentista, tenho acompanhado na prática essa revolução que os livros só agora começam a descrever. Investir na saúde bucal e na tranquilidade e confiança ao sorrir se tornou muito mais do que um procedimento funcional ou estético. Reconstruir o sorriso tornou-se também parte de um processo de reinvenção, um marco para se apresentar ao mundo – e ao próprio espelho – com valores renovados e novas metas a conquistar.

Todos sabem que um sorriso pode abrir portas. Agora também se tornou a chave para uma nova etapa de vida. Esteja pronto para sorrir mais e melhor.