“Dr. Rogério, o senhor acredita em anjos?” E foi com esta pergunta intrigante, que Dona Lígia interrompeu a consulta. Dona Lígia já é minha paciente há uns 3 anos e sempre que vem à clínica OdontoMengarda é uma grande alegria para todos. Senhora na casa dos 60 anos, tem uma energia contagiante.

“Nunca pensei nisso, dona Lígia. Por que a pergunta?”, respondi com outra pergunta. E aí veio a explicação… 

Dona Lígia entrou na sala de parto da sua primeira neta. Ela explicou que a neta nasceu com um belo sorriso. 

Ao celebrar a chegada de um novo membro na família, uma avó contempla o sorriso puro e mágico de seu neto recém-nascido. Esse sorriso, muitas vezes denominado “o sorriso dos anjos”, é uma expressão de pura alegria e inocência. Contrariando antigos mitos, estudos recentes revelam que bebês, com apenas 24 horas de vida, respondem com sorrisos a estímulos positivos, como carícias ou cheiros agradáveis​​.

Esses sorrisos, longe de serem simples reflexos involuntários, são demonstrações autênticas de contentamento e bem-estar. Desde as 23 semanas de gestação, o feto já pode sorrir dentro do útero, e 36 horas após o nascimento, sorri por imitação. Os chamados “sorrisos sociais”, aqueles que buscam contato visual, começam a aparecer a partir do primeiro mês​​.

Os bebês, mesmo enquanto dormem, exibem esses sorrisos angelicais, que são movimentos involuntários motivados por memórias e sensações de prazer. Surpreendentemente, estes pequeninos têm memórias e sonhos, principalmente de experiências passadas armazenadas desde o período uterino. Estas memórias residem no subconsciente, mesmo que não sejam lembradas conscientemente quando crescerem devido à “amnésia infantil”​​.

Além disso, o sorriso dos recém-nascidos é influenciado pela interação social. Eles sorriem duas vezes mais quando estão acordados e interagindo do que quando estão dormindo. O sorriso genuíno, ou sorriso de Duchenne, envolve não apenas os músculos perto da boca, mas também os músculos ao redor dos olhos. Este tipo de sorriso é uma resposta instintiva e social à felicidade​​.

Conforme crescem, seus sorrisos se tornam mais expressivos. Aos dois meses, os bebês já reconhecem que sorrir é contagioso, e mais tarde, utilizam o sorriso para expressar necessidades e emoções. A partir dos oito meses a um ano, desenvolvem um sorriso intencional e empático, semelhante aos adultos​​.

Para a avó que testemunha o desenvolvimento do sorriso de seu neto, cada expressão é um lembrete do ciclo contínuo da vida e da alegria inocente. É uma jornada de descoberta mútua, onde o sorriso de um recém-nascido representa não apenas a alegria momentânea, mas também a promessa de um futuro cheio de empatia, conexões e amor incondicional.